domingo, 10 de outubro de 2021

Uma inesperada passagem por Baiona


Não estava nos nossos planos sair além terras de Portugal e com toda a sinceridade nem nos sabíamos tão próximo desta Vila á beira-mar tão animada em época balnear. 

Saímos, para férias sem a "lição" estudada e, devido a diversos factores, decidimos ir ao sabor do tempo e do destino e sendo assim, todas as manhãs procurávamos na web um novo destino e foi assim que vendo umas fotos das Ilhas Cies e a indicação de um miradouro para as mesmas, decidimos explorá-lo. Como não conhecíamos o lugar, ficámos posteriormente a saber que poderíamos ter seguido um pouco mais adiante que muito mais havia para ver, como por exemplo, o Cabo Sileiro, do qual estivemos  a escassos metros, conseguindo mesmo fotografa-lo sem saber do que se tratava.  De facto, nada como levar tudo planeado... porém dou graças por tudo que vi. Foi um dia fabuloso! 

Após o pequeno almoço, fizemo-nos á estrada e a visão da costa marítima era deslumbrante, a certa altura  ao longe avistam-se a ditas Cies e eu, como sempre que descubro algo novo, sinto um sentimento de felicidade invadir o meu corpo e um frenesim no dedo indicador que não me deixa parar de "clicar" no obturador da maquina fotográfica, fotografando sem parar, como se quisesse aprisionar estes momentos e levá-los comigo para sempre... e de certo modo é o que acaba por suceder.

Parámos no Mirador Del Thalassa com vista para as Ilhas Cies, também conhecidas  como "Ilhas dos Deuses", a vontade de as visitar era gigantesca mas devido à situação pandémica, evitávamos ao máximo o contacto humano e ficou a célebre frase já tão batida por nós "um dia a gente volta"!

Contentamo-nos com a simples contemplação da sua majestosa silhueta no meio do oceano. Gaivotas e corvos marinhos povoam as rochas e ou fazem voos rasantes como que num jogo desafiando o mar. Aqui e acolá um pescador tenta a sua sorte, pequenas embarcações deslizam pelo azul das águas e nós encantados com a Natureza que sempre nos consegue surpreender, admiramos a linda Baía.







A vontade de conhecer a Vila de Baiona era muita, mas isso ficaria para outra ocasião e nem fiquei triste porque logo encontrámos uma forma de continuar o nosso dia. Iniciámos o percurso pela imponente muralha do Castelo de Monterreal, hoje Parador Nacional de Turismo de Baiona. São 3Km de Muralha construída no séc. XIX que percorremos calmamente desfrutando das magnificas vistas. 










 Demos por terminado o passeio mas não sem antes eu molhar os pés, já que o fato de banho tinha ficado no alojamento...






 Baiona, uma vila medieval que nos encantou e nos deixou com vontade de um dia regressar. 



 





domingo, 8 de agosto de 2021

Branda de Santo António


Quando viajamos para um lugar desconhecido, nunca sabemos o que esperar  e é exatamente esse ponto que confere a felicidade do momento.


Na freguesia de Riba de Mouro em Vale de Poldros, a 1100 metros de altitude, existe uma aldeia de montanha conhecida como Branda de Santo António. 



Por volta de 1990 os últimos habitantes desta povoação, um casal de Brandeiros acabou por se render á solidão deixando o local conhecido hoje como a "Aldeia dos Hobbits".  

Após algum tempo, este local voltou a ter vida. O Sr. Fernando Gonçalves, único habitante e proprietário do restaurante local, instalou-se na Branda e por incrível que pareça este lugar "abandonado" enche o restaurante ao fds, sobretudo no mês de Agosto. Com a divulgação da Branda, o turismo começou a surgir, quer pela curiosidade de conhecer a pequena aldeia ou simplesmente para um almoço tradicional. Hoje, existe até um alojamento local. Porém quando a visitámos, esta encontrava-se vazia. 





Uma Branda (aldeia sazonal) é um lugar de montanha usado pelos pastores e o seu gado nos meses de temperatura mais elevada com o intuito de proporcionar o melhor pasto aos seus animais.

De origens remotas, provavelmente da idade média, de construção rudimentar, possuem uma planta quadrada ou retangular. São construídas em alvenaria sem argamassa e  lages de xisto, servem de estrutura às portas. O telhado cônico é construído em filadas de xisto criando uma falsa cúpula,  sendo a mesma coberta por terra dando origem ao crescimento de vegetação que acaba por ter a função de impermeabilização. Um trabalho não de engenharia ou arquitectura mas sim de grande mestria popular. As primeiras construções eram apenas de um piso, posteriormente foram contruídas as de dois andares onde o piso inferior seria para o gado e o superior para o pastor.     









Este tipo de construções tem o nome de Cardenhas



       


quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Anta da Barrosa

 


A tarde estava quente e de manhã tínhamos feito um percurso pedestre que me deixara cansada. Percorríamos a estrada lentamente observando as indicações turísticas em busca do que visitar e eis que do nada, numa estrada principal,  nos aparece uma  placa onde se lia " Anta da Barrosa", estávamos no meio da R. Miguel Bombarda em Vila Praia de Âncora com prédios de ambos os lados. Um pouco incrédulos, por estarmos habituados a encontrar este tipo de monumentos megalíticos em terrenos descampados,  estacionámos o carro e eis que dentro de uma zona bem cuidada e murada avistamos a Anta da Barrosa  também conhecida como Dólmen da Barrosa ou ainda Lapa dos Mouros. Entrámos e encontramo-la perfeitamente conservada. Nada indica que por este conjunto de pedras erectas que sustentam o "tecto" e abrigavam  ilustres defuntos, tenham  passado milhares de anos de cultura e  historia.  Tento imaginar quantos braços terão sido necessários para a construção deste "templo"... uma obra de engenharia sem engenheiros, terá sido o inicio da religião? Estas perguntas ás quais não sei responder é que me impulsionam  a visitar lugares como este que sem dúvida, foram o inicio do rumo à civilização.

Um pouco da sua história: Texto adaptado do site "Visitar Portugal" 

Foi descoberta no anos de 1910 e logo declarada Monumento Nacional, Pressupõe-se que seja datada do ano 2000 a 1700 aC. (Idade do Bronze). Trata-se de uma câmera poligonal de consideráveis dimensões formada por oito esteios e uma lage a fazer de cobertura. Foram encontrados vestígios da época romana entre o séc I e II dC.  

 Portugal tem alguns dos Monumentos Megalíticos mais antigos da Europa.






sexta-feira, 30 de julho de 2021

Monte de Santa Trega (Santa Tecla)

Clicar na foto para melhor visualização

 

 

 Depois da viagem, seja ela ao outro lado do globo ou a uma pequena aldeia aqui tão perto, o seguimento é relembrar e partilhar após agradecer. Sim, a gratidão é um sentimento constante na minha vida e partilhar permite-me ver as experiências vividas com um outro olhar, mais distante e menos inquieto de que no momento ávido da descoberta.

Sinto, igualmente satisfação de levar em viagem quem por aqui passa e como tal não prescindo de documentar com fotos, textos e alguma informação que tento reunir ao longo das minhas experiências ou pesquisando na internet. Todo este processo demanda tempo o que me limita mais do que desejaria. Por fim, esta partilha é uma extraordinária terapia. 

E com esta introdução, hoje pretendo levar-vos numa viagem a tempos remotos da história da humanidade, mostrar como viviam as gentes de outros séculos.  As últimas investigações confirmam uma primeira ocupação no séc. I e II a.C.  na Citânia de Santa Trega (Santa Tecla) situada em A Guarda / Pontevedra. Aqui se encontram vestígios de uma grande cidade do noroeste peninsular. A sua localização favorecia o controlo do tráfego marítimo e fluvial, assim como a exploração mineira nos montes da Serra de A Groba.  Estima-se que na extensa área de Castros (habitações de forma circular com o tecto em colmo) tenham vivido entre 3.000 a 5.000 pessoas, o que indica uma elevada densidade populacional para a época. 

Este recinto amuralhado de cultura castrexa, (conjunto de manifestações culturais do noroeste da Península Ibérica que durou desde o final da Idade do Bronze até ao séc. I d.C.) suscitam em mim uma curiosidade e um fascínio inexplicáveis, além da beleza que consigo vislumbrar nas mesmas.  Do Monte ´contemplam-se fartas vistas e frequentemente os meus olhos deslizam entre o passado e o presente.









Estávamos de férias no Alto Minho, desta vez sem roteiro programado partimos para umas férias de recolhimento e descanso, mas o bichinho de ir conhecer lugares novos foi mais forte e a cada manhã planeávamos a jornada e lá íamos à conquista. E porque a vida assim se faz, terminávamos em glória colhendo um novo "troféu a cada dia. Neste dia encontrámos um dos mais importantes legados patrimoniais das Rias Baixas e da Galiza. 



Nessa manhã uma imagem, na Net, das ruínas do Monte de Santa Trega ou Santa Tecla despertaram o nosso interesse e lá fomos, felizes por em tempo de pandemia irmos um bocadinho mais além... sempre em segurança obviamente.  

A entrada para o Monte tem um custo de €1,50 por pessoa e a mesma quantia pelo veículo.  O bilhete dá direito a visitar o Monte, o Castro e o Museu Arqueológico de Santa Trega. É possível visitar o Monte a pé.

Iniciamos e nossa visita pela moderna Via Crucis, obra do escultor valenciano Vicent Mengual.

Via Crucis 

Durante a subida sobressaem o Miradouro Pico do Facho a 328 metros que visitamos primeiro e oferece uma ampla panorâmica sobre o casco urbano de A Guarda com o seu Porto Pesqueiro, e o Miradouro Pico de San Francisco, a 341 metros. 


 Panorâmica do Miradouro Pico do Facho

 



No Pico de San Francisco localiza-se o Museu Arqueológico, algum comercio, a Capela de Santa Trega e o Marco Geodésico,  que nos oferece impressionantes vistas para o nosso Portugal. Daqui é possível avistar a confluência do Rio Minho com o Oceano Atlântico e a ilha da Ínsua, classificada como Monumento Nacional desde 1910. Inicialmente, no séc. XIV viviam aqui monges franciscanos, altura em que foi construído o convento de Santa Maria da Ínsua. A Fortaleza tal a conhecemos hoje data do séc. XVII, do reinado de D. João IV. O Forte de planta em estrela irregular, integra ainda no seu interior o Convento Franciscano. 


Miradouro de San Francisco



Encobertos pela copa das arvores, lá estão eles, a ilha e o Forte da Ìnsua 





Capela de Santa Trega, do séc. XII, porém reformada e ampliada nos séculos XVI e XVII. 

Presença de forte tradição religiosa. A 23 de Setembro realiza-se a centenária procession del Voto, durante a qual os fieis percorrem a Via Crucis. 

Em frente á ermida encontra-se o cruzeiro datado do séc. XVI.

Escavações realizadas no ano de 1994, revelaram vários túmulos visigodos. 

Capela de Santa Trega

Numa visita ao Museu Arqueológico podemos apreciar alguns dos achados. Moedas romanas, cerâmicas, objectos de vidro... o esplêndido Remate de Torques, a simbologia máxima da Galiza, decorado com finas filigranas e a Cabeça do Trega, o achado mais emblemático das escavações recentes. 

Cabeça do Trega
Remate de Torques
Moinho de mão
Ídolo Pétreo 
Labras decoradas

Estelas


Moeda romana

As construções estavam organizadas por grupos integrados e que partilhavam um pátio comum. Agrupavam-se em pequenos bairros separados por ruas estreitas perfeitamente identificadas. 

Esta planificação urbanística completava-se com uma rede de canais de aguas fluviais distribuídos por toda a Citânia.

Achados arqueológicos contam-nos que as casas eram pintadas de vermelho, azul ou branco, algumas portas estavam ricamente decoradas com gravuras geométricas ou blocos cilíndricos embutidos nos muros. 

O modo de subsistência era a agricultura variada, como trigo, cevada, aveia, milho e favas. Também se alimentavam de animais tais como vacas, ovelhas cabras e veados e de peixe e marisco. 

A construção de objectos de cerâmica, tecido, instrumentos metálicos e o comercio eram outras actividades que ocupariam os habitantes do Castro.