domingo, 16 de agosto de 2020

Rota do Românico_ Mosteiro de Santo André de Ancede

 
Rota do Românico do Vale do Douro - Mosteiro de Santo André de Ancede (nº 34)



 

Este ano as nossas férias e a de todo o mundo foram anuladas ou alteradas. O receio que a pandemia espalhou levou-me mesmo a ponderar não fazer férias fora de casa e ficar simplesmente no aconchego do lar a descansar... porém acabámos por nos decidir e fomos até ao Douro, uma localidade quase desconhecida para nós.

Santa Cruz do Douro foi a região escolhida e na Quinta dos Beiredos sentimos total segurança.  Alugámos um apartamento e preparados para que não fosse necessário sequer ia ao supermercado, partimos para uns dias de descanso. 

À chegada a D. Maria recebeu-nos cumprindo todas as normas necessárias e com a simpatia  do pessoal do norte recebeu-nos com um sorriso acolhedor, agora não se consegue ver as expressões faciais e as emoções são transmitidas através do olhar... sempre o foram apenas temos de aprender a interpretá-las melhor. A Quinta possui uma piscina e um espaço verde envolvente muito agradáveis. O  apartamento  correspondia às expectativas e uma grande varanda  convidava à contemplação. 

Ficámos fascinados com as paisagens do Douro, localidades e monumentos,  hoje  partilho uma parte do nosso passeio pela Rota do Românico. 

Um pouco de história... Mosteiro de Ancede

A data da sua fundação é desconhecida no entanto existe informação que no ano de 1120 o Mosteiro pertencia à Diocese do Porto. Em 1141 D. Afonso Henriques vende a Carta de Couto ao abade do Mosteiro por 150 morabitinos (moeda de ouro cunhada pelo Reino de Portugal) desde então a produção  e a comercialização do vinho vendido na Flandres, o porto mais importante de então,  fez de Ancede um importante centro económico, cultural e espiritual. Este feito  rapidamente gerou cobiça e no ano de  1559 o Mosteiro perde todos os direitos e rendas passando a pertencer ao Mosteiro de São Domingos de Lisboa. Esta abastança permitiu,  por decisão do Papa Pio XIV,  a construção dos vários  edifícios que ainda hoje podemos observar. Da época medieval somente a Rosácea da Capela-Mor e um pedaço de parede são originais.  No séc. XIX o Mosteiro é vendido em hasta pública ao Barão de Ancede e em 1985  é comprado pela Câmara Municipal de Baião. Em 2013 é classificado Monumento de Interesse Público. 

Rosácea 

Iniciámos a visita pelo lagar datado do séc. XIX, |Centro Interpretativo da Vinha e do Vinho.| Todo ele foi construído com muita atenção aos pormenores. Os tanques são enormes, apenas comuns na região do alto Douro. Ainda hoje na região do vinho verde a "medida de Baião" é a maior. Existe uma rampa de acesso rápido e eficaz para a entrada das uvas que eram transportadas em carros de bois e a divisão do vinho (patrão e empregado) era feita imediatamente quando este ia para os toneis devido à sua construção. 

Neste espaço estão expostas também algumas peças de Arte Sacra.

Desta fileira de toneis só o primeiro da imagem (2) é original.

Medidas de vinho
Alguém aprendia a lição enquanto eu fotografava

Vinicultor por um momento.



 









Capela do Sr. do Bom Despacho 
 
Construída em 1731, altura em que o Mosteiro pertencia à ordem Dominicana é um belo exemplo da arte Barroca em Portugal e do Rocócó em particular. 
De forma ortogonal, estilo Joanino, no seu interior guarda magníficos exemplares de arte sacra representando o rosário. As figuras tridimensionais apresentam o dramatismo  próprio do rocócó. 









domingo, 9 de agosto de 2020

Eco Pista da Bezerra- Porto de Mós

O nosso percurso https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/ecopista-de-porto-de-mos-53276080


Em 1740, as Minas da Bezerra iniciaram o seu funcionamento na exploração de carvão. Em 1928, nasceu nesse local a primeira e única Linha de Caminhos de Ferro Mineira de Portugal. Situadas na Serra da Pevide (Serra dos Candeeiros). 

No seu cume foi aberto um extenso túnel  conhecido pelo Túnel da Corredoura. Este abrangia as povoações de Martingança, Batalha e Porto de Mós,  terminando no lugar da Bezerra,  freguesia de Serro Ventoso.   Até aos finais da década de 40 esta exploração mineira teve grande importância no comercio, agricultura e indústria. O Ramal da Lena, teve também serviço de passageiros. 

Em 1953 foi desmantelada esta importante  estação de caminho-de-ferro.  Hoje é possivel  percorrer a pé ou de bicicleta alguns troços da mesma, na Eco Pista de Porto de Mós num percurso circular com a distância de 12km.

Estava um dia bonito de Verão e decidimos fazer uma caminhada. 

Escolhemos este trilho por influencia de vários artigos noutros blogues que nos despertaram curiosidade.  Um percurso no antigo Caminho de Ferro Mineiro  é sempre uma aventura desafiante. 

Demos inicio ao nosso passeio já muito tarde, devido a um incidente pessoal... e isso fez toda a diferença no modo como desfrutámos  da caminhada.  Além de que se vamos com as expectativas muito elevadas, por vezes no local, somos desiludidos e foi um pouco o que sucedeu connosco.  Porém o percurso é compensador e temos vontade de um dia o repetir.  Só que a informação que eu tinha recolhido referia-se sempre a, "os túneis". efectivamente são dois, muito próximos  um do outro pois foram em tempos um só.  Durante o caminho não existe mais nenhum.  

O percurso tem inicio junto ao campo de futebol da Bezerra. Nós optámos por descer a Serra da Pevide até Figueiredo, aí a placa foi arrancada e ficámos um pouco desorientados... após o GPS nos ajudar seguimos caminho sem mais contratempos.

Neste rota circular apreciámos a bela paisagem serrana,  avistámos a antiga estação de caminho-de-ferro, a  bonita vila de Porto de Mós, o túnel da Corredoura, os moinhos, o parque de merendas da Corredoura e os seus miradouros. 






Porto de Mós







Antiga estação do caminho de ferro da Corredoura, actual RICEL 






Infelizmente hoje a Serra não está assim tão verde devido aos incêndios dos últimos dias  😒 e mesmo no dia que fizemos este percurso havia um incêndio ao longe. Muito triste que o homem não perceba que está a destruir a sua "casa" e  assim os seus/nossos descendentes não terão onde viver... 😪


Terminámos já o sol se punha por detrás da montanha. Em tempo de Covid, só nos cruzámos com um jovem casal que seguiam de bicicleta o caminho. Para  casa trouxemos as fotos e as memórias de uma tarde bem passada,  na Eco Pista da Bezerra deixámos apenas as nossas pegadas.