Depois
da viagem, seja ela ao outro lado do globo ou a uma pequena aldeia aqui tão
perto, o seguimento é relembrar e partilhar após agradecer. Sim, a gratidão é
um sentimento constante na minha vida e partilhar permite-me ver as experiências
vividas com um outro olhar, mais distante e menos inquieto de que no momento
ávido da descoberta. Sinto, igualmente satisfação de levar em
viagem quem por aqui passa e como tal não prescindo de documentar com fotos,
textos e alguma informação que tento reunir ao longo das minhas experiências
ou pesquisando na internet. Todo este processo demanda tempo o que me limita
mais do que desejaria. Por fim, esta partilha é uma extraordinária
terapia. E com esta introdução, hoje pretendo
levar-vos numa viagem a tempos remotos da história da humanidade, mostrar
como viviam as gentes de outros séculos. As últimas investigações
confirmam uma primeira ocupação no séc. I e II a.C. na Citânia de
Santa Trega (Santa Tecla) situada em A Guarda / Pontevedra. Aqui se encontram
vestígios de uma grande cidade do noroeste peninsular. A sua localização
favorecia o controlo do tráfego marítimo e fluvial, assim como a exploração
mineira nos montes da Serra de A Groba. Estima-se que na extensa área
de Castros (habitações de forma circular com o tecto em colmo) tenham vivido
entre 3.000 a 5.000 pessoas, o que indica uma elevada densidade populacional
para a época. Este recinto amuralhado de cultura castrexa, (conjunto de manifestações culturais do noroeste da Península Ibérica que durou desde o final da Idade do Bronze até ao séc. I d.C.) suscitam em mim uma curiosidade e um fascínio inexplicáveis, além da beleza que consigo vislumbrar nas mesmas. Do Monte ´contemplam-se fartas vistas e frequentemente os meus olhos deslizam entre o passado e o presente. |
Nessa manhã uma imagem,
na Net, das ruínas do Monte de Santa Trega ou Santa Tecla despertaram o nosso
interesse e lá fomos, felizes por em tempo de pandemia irmos um bocadinho mais
além... sempre em segurança obviamente.
A entrada para o Monte tem um custo de €1,50
por pessoa e a mesma quantia pelo veículo. O bilhete dá direito a
visitar o Monte, o Castro e o Museu Arqueológico de Santa Trega. É possível
visitar o Monte a pé.
Iniciamos e nossa visita pela moderna Via
Crucis, obra do escultor valenciano Vicent Mengual.
Via Crucis
Durante a subida sobressaem o Miradouro Pico do Facho a 328 metros que visitamos primeiro e oferece uma ampla panorâmica sobre o casco urbano de A Guarda com o seu Porto Pesqueiro, e o Miradouro Pico de San Francisco, a 341 metros.
Panorâmica do Miradouro Pico do Facho
No Pico de San Francisco localiza-se o Museu Arqueológico, algum comercio, a Capela de Santa Trega e o Marco Geodésico, que nos oferece impressionantes vistas para o nosso Portugal. Daqui é possível avistar a confluência do Rio Minho com o Oceano Atlântico e a ilha da Ínsua, classificada como Monumento Nacional desde 1910. Inicialmente, no séc. XIV viviam aqui monges franciscanos, altura em que foi construído o convento de Santa Maria da Ínsua. A Fortaleza tal a conhecemos hoje data do séc. XVII, do reinado de D. João IV. O Forte de planta em estrela irregular, integra ainda no seu interior o Convento Franciscano.
Miradouro de San Francisco
Capela de Santa Trega, do séc. XII, porém reformada e ampliada nos séculos XVI e XVII.
Presença de forte tradição religiosa. A 23 de Setembro realiza-se a centenária procession del Voto, durante a qual os fieis percorrem a Via Crucis.
Em frente á ermida encontra-se o cruzeiro datado do séc. XVI.
Escavações realizadas no ano de 1994, revelaram vários túmulos visigodos.
Numa visita ao Museu Arqueológico podemos apreciar alguns dos achados. Moedas romanas, cerâmicas, objectos de vidro... o esplêndido Remate de Torques, a simbologia máxima da Galiza, decorado com finas filigranas e a Cabeça do Trega, o achado mais emblemático das escavações recentes. Cabeça do Trega
Remate de Torques
Moinho de mão
Ídolo Pétreo
Labras decoradas
Estelas
As construções estavam organizadas por grupos integrados e que partilhavam um pátio comum. Agrupavam-se em pequenos bairros separados por ruas estreitas perfeitamente identificadas.
Esta planificação urbanística completava-se com uma rede de canais de aguas fluviais distribuídos por toda a Citânia.
Achados arqueológicos contam-nos que as casas eram pintadas de vermelho, azul ou branco, algumas portas estavam ricamente decoradas com gravuras geométricas ou blocos cilíndricos embutidos nos muros.
O modo de subsistência era a agricultura variada, como trigo, cevada, aveia, milho e favas. Também se alimentavam de animais tais como vacas, ovelhas cabras e veados e de peixe e marisco.
A construção de objectos de cerâmica, tecido, instrumentos metálicos e o comercio eram outras actividades que ocupariam os habitantes do Castro.
Tiveram sorte não haver névoa, que é muito frequente no monte de Santa Tecla.
ResponderEliminarÉ um sítio que vale a pena visitar.
Gostei da reportagem. Fotos e textos muito bons.
Bom fim de semana, amiga Ana 🌼
Beijo.
Obrigada amigo Jaime,
Eliminardesconhecia totalmente este local, adorei!!
Beijinho e bom fim de semana.
Que maravilha! Excelente foto reportagem, não conhecia, fiquei com vontade de ir :) beijinhos
ResponderEliminarMuito obrigada Mariam. Um beijinho amiga.
EliminarMais um ano, mais um Verão e mais umas férias!
ResponderEliminarVerdade, devemos agradecer sim, sempre!
Eu também o faço...
Mas, nos últimos 20 meses só vejo os "outros" a ir de férias,
seja de carro, avião ou comboio e eu fechada em casa...
Vejo-os ir e voltar, tudo na boa e nada de mal lhes acontece, quer dizer, não ficam infectados...
na minha cabeça só penso que caso viaje fico logo infectada...
ninguém tem culpa do que se passa na minha cabeça (são doenças inexplicáveis),
apenas eu sofro as consequências deste meu problema.
É mesmo por isso que também eu tenho partilhado ao longo de anos as minhas viagens,
pela satisfação de permitir a quem não foi lá ainda ou pensa que nunca lá irá,
poder usufruir das imagens e informação que trago comigo!
AH...a quem o dizes...isso demanda tempo, pois é...já o sinto há algum tempo,
por isso mesmo tenho estado mais ausente dos meus blogues, falta de paciência e vontade para ter tempo, perdi o interesse durante a pandemia, deixou estragos a nível psicológico e muitos...
estas partilhas para mim já foram uma terapia, só que quando vemos "poucas pessoas" a ler,
comentar, faz-me perder o incentivo de continuar, penso:
partilhar para quem? poucos ligam...
Durante anos pouco viajavas por Portugal, a tua escolha de férias era diferente da minha, ias mais para Espanha fazer caminhadas...mas como tenho família no Norte de Portugal, fui muitas vezes para o Alto Minho e já conheço a Citânia de Santa Trega (Santa Tecla) situada em A Guarda / Pontevedra, há mais de 10 anos.
Também já visitei outros "Castros" um deles na zona de Castro Laboreiro
Lá do alto do Monte temos vistas maravilhosas!
Ainda bem que vens feliz das tuas férias!
Penso que terás mais lugares visitados para partilhar connosco, fico à espera.
Olá Kalinka, obrigada pela tua visita e palavras, que bom que já conhecias este Castro, eu conhecia mal no Norte tirando o Gerês, pelas razões que dizes. Não conheço este em Castro Laboreiro, só se falas do de Mezio?? mas acho que é de outro que falas... Há sempre um lugar a descobrir... obrigada!! Vou partilhando aos poucos. Beijinho grande.
EliminarGraças por estas magníficas fotos e que me deram o prazer de rever um sítio de que tenho agradáveis memórias.
ResponderEliminarBom resto de semana :)
Muito obrigada São. Boa noite!!!
EliminarAinda só li o inicio, mas a coisa promete.
ResponderEliminar🙂😉 Obrigada amigo beijinhos
EliminarAmílcar
ResponderEliminar😉
Eliminar